Como Funciona a Estratégia de Hegde ou Cobertura? Guia do Apostador

Sejam bem-vindos, investidores desportivos!

Já aqui fizemos referência à relação próxima que existe entre os mercados financeiros e as apostas desportivas, partilhando e adoptando vários termos e até mesmo, técnicas. A dimensão mais importante está relacionada com a componente financeira desta actividade que vai muito para além da paixão ou do domínio desportivo. Não basta gostar de futebol ou ter um passado feito no futebol, é necessário interiorizar a importância da gestão de banca, entender o conceito de valor esperado positivo e sobretudo, conseguir dominar as emoções nas perdas e nos lucros.

Neste artigo propomo-nos a abordar a cobertura ou, originalmente, “hedging“, que é mais um conceito adoptado do mundo da finança e de forma resumida, é uma estratégia fundamental adoptada pelos apostadores profissionais como forma de reduzir o risco e/ou minimizar os prejuízos.

Prever um determinado resultado num evento desportivo é extremamente complicado. Mesmo nos cenários em que temos um claro favorito, como o Real Madrid ou o Barcelona, há sempre risco envolvido e nestes casos, por exemplo, a recompensa é relativamente reduzida face ao risco que se assume.

Como funciona a estratégia de cobertura?

Quando nos referimos a apostar com cobertura ou fazer hedge, estamos a invocar a realização de apostas em resultados diferentes do da aposta original, de forma a garantir o lucro, apesar do resultado da aposta original – seja ela ganha ou perdida.

Observemos um dos mercados onde esta estratégia pode ser bem-sucedida, o mercado dos golos. Como sabemos o mercado de golos está disponível em praticamente todas as casas de apostas, se não mesmo em todas, das melhores e mais profissionais, às duvidáveis e não recomendadas. É definido pela existência de várias linhas, que representam o número de golos objectivo e sempre com duas opções: mais de «x» golos ou menos de «x» golos, sendo «x» representado pelo número da linha.

Imaginemos que temos um Real Madrid vs. Barcelona e que temos uma linha de 1,5 golos. No momento da abertura dos mercados, o menos de 1,5 golos estava cotado a 41,00, o que me levou a investir € 10,00. Em caso de vitória, tal iria devolver € 410,00. Entretanto, o “As”, conhecido jornal desportivo espanhol, publica que Leo Messi se lesionou e por esse motivo, vai falhar a partida. Esta notícia foi o suficiente para diminuir a cotação que, anteriormente, era de 41,00, permitindo aumentar a cotação para o mais de 1,5 golos até 1,85. Com estas cotações, começa a desenhar-se um cenário de lucro.

Para se obter um retorno equilibrado, independentemente do resultado desta partida, é necessário dividir o retorno da aposta original pelo preço do resultado oposto, ou seja: 410/1,85=221,62. Este é o valor adequado a apostar no segundo evento, cotado a 1,85 e que irá garantir o mesmo lucro, € 178,37. E tudo isto possível pela simples ausência do jogador mais relevante do Barcelona.

Menos de 1,5:

Quantia total apostada – €10 + €221,62 = €231,62
Cotações – 41,00
Retorno – €10 x 41,00 = €410
Lucro – €178,38

Mais de 1,5:

Quantia total apostada – €10 + €221,62 = €231,62
Cotações – 1,85
Retorno – €221,62 x 1,85 = €409,99
Lucro – €178,38

O que alguns apostadores profissionais, também fazem, é reinvestir o potencial lucro numa das duas opções disponibilizadas, a que é mais provável ocorrer e maximizar o seu lucro.

Cobertura ou hedge é o mesmo do que arbitragem?

Não, mas é habitualmente confundido.

Na arbitragem, são realizadas duas ou mais apostas em resultados diferentes para se garantir lucro. Porém, o conceito na base da arbitragem, é o do aproveitamento da discrepância das cotações disponibilizadas pelas várias casas, ou seja, as múltiplas apostas feitas, são submetidas em múltiplas casas de apostas.

A cobertura ou hedge, por seu turno, visa tirar proveito das alterações das cotações, consequência da alteração das circunstâncias, implicando a existência de apenas uma conta em uma casa de apostas.

Um bem haja!